Festejámos este mês o 24º Dia Internacional da Criança Africana.
Dentre uma paleta de cores luminosas pintada por crianças alegres que nos imprimem a vibração esfuziante de seus gracejos, da sua contagiante vontade e de seus sonhos imanentes que alimentam a sua vontade intrépida por os fazer cumprir, precisamos de assinalar também aquelas que não têm ainda ao seu dispor um arco-íris de possibilidades, nem de oportunidades, nem de condições ou de afecto e que ainda esboçam e sentem o mundo em tons de cinzento. Para estas crianças, e são tantas… feridas de múltiplas maneiras pela imposição de acções desumanas, ímpeto dos focos deturpados de homens ignorantes e desafectos, imbuídos em estigmas e objectivos torpes, que conduzem ao esvaziamento do sentido de humanidade, enviamos o nosso alento, o nosso sopro de esperança e compromisso de que faremos o que estiver ao nosso dispor para construir para elas e com elas um manancial de possibilidades.
O dia universal da criança surge exactamente deste paradoxo, não foi pensado porque todos amamos e cuidamos das nossas crianças no mundo, nem tão-pouco foi concebido porque queríamos mais um dia de celebração com elas, mas foi, sim, instituído pela mais extrema necessidade, num grito in extremis para que as sociedades, estanques em suas leis mudas e estéreis, cessassem de as explorar e de as expor às mais degradantes formas de sobrevivência, de fome, abandono, de guerra e de morte.
Foi assim que, em 16 de Junho de 1991, foi oficializado e comemorado pela primeira vez, em África, o dia da criança, em memória das crianças e dos jovens que foram, em 1976 na África do Sul, em Soweto, feridos e mortos por terem saído às ruas para reivindicar uma melhor educação e o ensino da sua língua materna nas escolas. O dia da criança é celebrado em todo o mundo, ainda que em datas diferentes, reforçando e relembrando, em cada ano, os imperativos inscritos na Declaração dos Direitos da Criança que a ONU reconheceu e instituiu desde 1959.
Não obstante quaisquer imperativos ou leis, certos de que a certeza do respeito pelo outro brota do íntimo de todos nós, deixamos o nosso verdadeiro sentimento de solidariedade por todas as crianças, por todos os eventos e obras erigidas para as acalentarem. Fazemos votos de que todas as crianças continuem a sonhar e a acreditar num dia melhor!
Revista Mulher Africana