Por mais que as crianças aprendam logo cedo que mentir é feio e errado, é justamente durante a infância que as pessoas aprendem a mentir.
Ninguém nasce sabendo mentir, e este é um comportamento aprendido por repetição ou por interpretação — seja para se defender de alguma situação ou para obter ganhos.
Muitas crianças têm dificuldade de enfrentar frustrações e críticas e acabam encontrando na mentira uma maneira de preservar sua imagem e obter o que desejam. Quando conseguem o que querem e não sofrem punição pela mentira, as crianças entendem que mentir é funcional, podendo desenvolver a mitomania. Pessoas que cresceram em um ambiente cercado de mentiras tendem a repetir o comportamento aprendido.
O que é a mitomania?
Mentir é o acto de intencional e deliberadamente fazer uma declaração falsa. A mitomania ou mentira compulsiva é uma tendência patológica pela mentira. A maioria das pessoas fazem isso por medo, mas a mentira compulsiva interfere no julgamento racional, no relacionamento familiar e, especialmente, social. Os termos mentiroso patológico, mitônomo e mentiroso crônico são frequentemente usados para se referir a um mentiroso compulsivo.
Quais são as causas da mitomania?
A literatura aponta que não existe uma causa da mitomania, mas um conjunto de factores associados podem provoca o problema: histórico de vida, relacionamentos, padrão de relação parental, genética e experiências. Acredita-se que a baixa auto-estima, necessidade de apreço ou atenção e a tentativa de se proteger de situações constrangedoras marquem o início da mitomania.
Como a mentira compulsiva pode se desenvolver desde a infância?
Na infância, devido a imaturidade mental, as crianças podem mentir com alguma recorrência. Muitas crianças têm dificuldade de enfrentar algumas frustrações e críticas e acabam mentindo para os pais na tentativa de preservar sua autoimagem. Essa característica só assume um carácter patológico quando a criança inclinada à mitomania constata que sua mentira pode ser entendida como verdade sem nenhuma consequência negativa associada. Por outro lado, um sentimento de prazer e de poder pode facilmente incitá-la a repetir o mesmo comportamento. À medida que os colegas acreditam em suas histórias e ela começa a se sentir aceita e interessante, o mitônomo passa a contar cada vez histórias mais incríveis e a tornar disso um hábito com a repetição do comportamento de mentir sem nenhuma finalidade específica. Esse distúrbio pode ter origem na baixa autoestima da criança e na supervalorização de suas crenças, com o não enfrentamento da angústia ou frustração associada a uma situação.
Qual a diferença entre um o indivíduo que fala uma mentira esporádica e o mentiroso compulsivo?
Um mentiroso compulsivo é definido como alguém que mente como um hábito, desde a infância. Mentir, neste caso, é a sua forma normal de responder a qualquer pergunta, por mais simples que seja. Algumas vezes são pequenas mentiras, outras são muito elaboradas, cheias de detalhes, que induzem a própria pessoa a acreditar nelas. Mentirosos compulsivos podem esconder a verdade sobre tudo, quer seja algo grande ou pequeno. Por outro lado, para um mentiroso compulsivo, dizer a verdade pode chegar a ser muito estranho e desconfortável.
Porque as pessoas mentem?
Ainda que a mentira possa trazer perdas e seja sempre arriscada, ela geralmente funciona como um mecanismo de proteção para evitar dor ou para obter alguma coisa. As pessoas mentem porque esta é uma acção que funciona e, a partir daí, continuam mentindo para obter bons resultados. Algumas situações que levam a pessoa a mentir são:
- Necessidade de autoafirmação associada à insegurança, ao medo e à baixa autoestima: a pessoa precisa provar para ela mesma que é importante e aceita, encontrando na mentira uma forma de se superiorizar;
- Falta de autoconhecimento: a pessoa não conhece seu potencial e não aceita
Fonte: Plenamente