A Hipertermia está a abrir novos horizontes no tratamento da doença oncológica em Portugal. A terapia que está a ser usada em vários países onde já demonstrou eficácia nos trabalhos publicados.
Em 2015 a CUF do Porto adquiriu o equipamento específico para este tratamento (Celsius TCS), tendo este já efectuado várias sessões com efeitos comprovados, o que está a suscitar o interesse na comunidade médica, especialmente dos oncologistas e radioncologistas.
Este tratamento é um meio inovador e eficaz no combate ao cancro que consiste na destruição de células cancerígenas de uma forma não evasiva e sem a necessidade de internamento. A Hipertermia caracteriza-se pelo aumento induzido da temperatura do corpo acima do nível fisiológico (39ºC a 45ºC), podendo ser efectuado de forma local (superficial ou profunda), ou de uma forma generalizada a todo o corpo.
O equipamento que está na CUF actua por meio de radiofrequência através de um gerador de 600W e 13,56 MHz dirigindo o feixe de energia para a área tumoral a tratar. Pela sua forma de actuar, distingue-se das restantes terapêuticas por ser indolor e não evasivo, aplicado por via externa recorrendo a duas antenas (eléctrodos) ajustáveis e com modulação de frequência segundo os diferentes protocolos terapêuticos. O tratamento é feito localmente, no tecido ou área de infiltração tumoral, numa dose térmica óptima, não excedendo a tolerância térmica específica dos órgãos circundantes, permite preservar os tecidos saudáveis perilesionais.
A Hipertermia pode ser utilizada de forma isolada ou combinada com as terapias tradicionais (como a quimioterapia, radioterapia e cirurgia). Paulo Costa, responsável do serviço de Radioterapia do Hospital de Braga, e o primeiro médico a nível nacional a efectuar o tratamento de Radio-Hipertermia concomitante, explica como esta nova terapêutica se conjuga com outros tratamentos, potenciando-os. “O calor administrado num certo intervalo, de uma forma metódica, localizada, em contexto de uma doença oncológica, vai potenciar os efeitos da radioterapia, quando utilizada em associação a esta terapêutica. A mesma situação ocorre em relação à quimioterapia, potenciado os fármacos utilizados. É dessa potenciação que vem o acréscimo de rácio-terapêutico que é atribuído à Hipertermia”, diz o radioncologista.
Paulo Costa, não tem dúvida que compete aos responsáveis clínicos promover a sensibilização dos decisores para as evidências que estão a ser conseguidas com esta terapêutica, seja nas próprias instituições onde colaboram, seja mesmo junto dos decisores políticos responsáveis.
Fonte: Correio do Minho
Fonte: Correio do Minho