Cresceu em Luanda, viveu em Portugal, onde em plena Expo 98 fez o seu primeiro desfile, mas foi em Angola que assentou arraiais e não mais largou os tecidos, as agulhas e as linhas. Faz roupa para “mulheres com atitude e femininas” e tem mostrado as suas colecções em vários países. O sonho é chegar a Paris e a Milão, duas capitais da moda mundial, mas tudo começou pelo simples prazer de fazer roupa para as amigas.
Quando é que começou a trabalhar como estilista?
Comecei em 1998 e meu primeiro desfile foi no dia 17 de etembro desse ano, em Lisboa na Expo 98.
Apesar de ter começado a trabalhar em secretariado e contabilidade, ser estilista foi sempre um sonho?
Não. Sempre gostei, mas não tinha noção desta profissão, fiz muita coisa para mim e para as minhas amigas, só pelo prazer de o fazer.
É fácil ser estilista em Angola?
Não é fácil devido à falta de material, pois temos de viajar para o comprar, e à mão-de-obra muito precária. A costura africana é bonita por fora, mas os acabamentos são péssimos, tal como o corte.
Qual foi a primeira peça de roupa que fez?
Tinha 11 anos e a minha mãe fazia vestidos rodados e, na altura, eu e a minha irmã mais velha, Rosa Pote – que me ajuda até hoje – já queríamos uns vestidos mais assenhorados. A minha mãe disse para os fazermos e com a sua ajuda assim o fizemos.
Como define as suas roupas?
As minhas roupas são dirigidas a mulheres ousadas e atrevidas. Mulheres com atitude e femininas.
Onde vai buscar a inspiração?
Surge de várias formas, nos materiais e na própria mulher. Às vezes sonho com os modelos....
Qual é a sua peça de roupa favorita?
Um vestido de gravatas que fiz à mão.
Que materiais é que gosta de trabalhar?
Trabalho com tudo, mas o que mais gosto são malhas e tecidos envolventes, algo que não se encontra no pano africano.
Faz só colecções femininas ou também masculinas?
Já fiz as ambas, mas neste momento só faço para mulheres. No entanto, penso ainda, este ano, continuar com a linha masculina.
Onde se pode comprar a sua roupa?
Em Luanda, mais precisamente, em Talatona.
Qual é a sua cliente tipo?
A camada jovem, embora também tenha clientes mais velhas, fortes e baixas e as que querem modelos únicos.
É uma mulher sonhadora? Qual é o seu maior sonho?
Sim e sonharei até onde Deus me levar. O meu maior sonho é levar as minhas criações à Fashion Week de Paris.
É conhecida por ser uma mulher determinada e lutadora, o que a move?
Parar é morrer e não devemos ceder a vida. A vontade de materializar os meus sonhos, deu-me sempre motivo para lutar.
Vai estar na Fashion Week queniana. É a sua primeira participação neste evento?
Sim. É mais um desafio, que vou tentar cumprir com dignidade.
O que espera do evento?
Espero poder crescer mais a nível profissional e trocar novas experiências com colegas de outros países. É fascinante ver as modelos lindas a desfilar com o nosso trabalho.
Que colecção vai apresentar?
Uma colecção de vestidos de gala, com aplicações de rendas feitas à mão, uma mistura entre África e o ocidente.
Em que semana da moda ainda não esteve e gostaria de estar?
Na semana de moda de Paris ou de Milão.
Admira o trabalho de algum estilista em particular?
Zuahir Morad, um estilista libanês que tem roupas e materiais espectaculares.