A possibilidade de países africanos poderem beneficiar de um perdão das suas dívidas (juros e capital) contraídas junto de instituições financeiras multilaterais abre caminho para que os Estados do continente se concentrem prioritariamente no combate à pandemia de Covid-19, que lhes poderá obrigar a endividar-se ainda mais, tendo em conta a gravidade do novo Coronavírus e o seu impacto nas economias.
Especialistas preveem que as consequências da pandemia de Covid-19 em África podem ser "devastadoras", estando organizações como o FMI e o Banco mundial a estudar diferentes cenários, que levem á mitigação dos encargos decorrentes do endividamento dos países africanos.
Ministros africanos pediram no mês de Março um perdão dos juros da dívida que seriam pagos este ano, mas numa segunda reunião, no início do mês em curso, alargaram o pedido para de dívida total, devido aos constrangimentos que o combate à pandemia da Covid-19 gera para os seus países, que enfrentam também fortes desequilíbrios orçamentais, causados pela queda dos preços de matérias-primas.
Sabe-se que o continente africano se debate com graves problemas económicos e sociais, e a crise provocada pela Covid-19 vai certamente agravá-los, pelo que é positivo que organizações internacionais e Estados credores estejam disponíveis para uma abordagem global sobre o perdão da dívida africana.
África espera dos seus credores solidariedade, nestes tempos em que a prioridade do continente africano é salvamento de vidas humanas, no quadro do combate a uma doença, a Covid-19, que vai absorver muitos recursos financeiros.
É uma boa notícia o facto de a Comissão Europeia estar interessada numa abordagem global sobre a divida africana, tendo a sua porta-voz, Ana Pisonero, indicado que "já existe um trabalho conjunto em curso com Fundo Monetário Internacional e com o Banco Mundial, para impor uma moratória na dívida para os países mais pobres." Na próxima semana, o FMI e o Banco Mundial vão apresentar uma proposta oficial sobre a dívida africana, prevendo-se que aquelas duas instituições venham a sugerir soluções que não sejam demasiado penalizadoras para África, num momento de muitas incertezas quanto ao término da pandemia.
Fonte: Jornal de Angola