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“A essência da mulher negra é a resistência, ancestralidade, poder e sabedoria” - Josineide Dantas

Hoje temos uma “mulher que se inspirou e nos inspira também”, uma história narrada na primeira pessoa, batalhadora que se impõe na sociedade com sabedoria, empatia e uma personalidade emancipada, que luta para a defesa dos direitos da mulher e da sociedade em geral. Acredita que a essência da mulher negra é a resistência, a ancestralidade, o poder e a sabedoria herdada pelas Yabás.

Venha connosco nesta viagem completa até à cidade de Aracaju, capital do Estado de Sergipe, Brasil. Aqui, vai conhecer a aracajuense Josineide Dantas, uma agente comunitária de alma africana, defensora dos direitos humanos, de uma experiência abrangente, adquirida de maneira integrativa durante a vivência com pessoas de comunidades próximas a sua. Banhada pelas águas do Rio São Francisco, onde a corrente prova a essência e a força da sua ancestralidade, sendo um legado que, provavelmente, preserva ao compartilhar com os seus 5 filhos. É filiada ao Movimento Negro Unificado (MNU) na luta antirracista, bem como é membro do Fórum de Entidades Negras de Sergipe.

“O que me inspira são as vivências enquanto mulher preta, mãe solo, escritora, poetisa, agente de saúde, na luta pelo povo preto e periférico. O que me inspira são as vivências das que vieram antes de mim [minha mãe, minhas irmãs e amigas]. O que me inspira são as minhas referências na luta pelo direito, pela existência e bem-viver das mulheres negras como, Rejane Maria, Dandara, Maria Felipa, Maria José da Conceição Dantas, Dona Nadir da Mussuca, Beatriz Nascimento, Marielle Franco e tantas outras guerreiras incansáveis”, disse.

"Sou, porque nós somos" é uma máxima muito seguida por ela.
Além de ocupar uma cadeira no controlo social, CDMM (Conselho Municipal do Direito da Mulher de Aracaju) com a pasta de Raça Mulher Negra, que dispõe de uma proposta política construída coletivamente e dialogada com a comunidade, através do trabalho de base nas periferias, Josineide sempre foi de opinião que é necessário fortalecer o controlo social na política de assistência e seus programas sociais, buscando exemplo da população que vive na rua que, na sua maioria, é o povo negro [homens, mulheres, crianças e idosos].

Essa ativista é uma verdadeira fonte de ideias sustentadas no respeito pelo capital humano, ela sugere, igualmente, atenção ao meio ambiente, economia solidária para fortalecer a agroecologia, com hortas comunitárias, farmácias vivas e reflorestamento da cidade de Aracaju. “A nossa bandeira de luta é incidir sobre a cidade e ocupar todos os espaços que há tempo foram negados por esse sistema patriarcal, machista, misógino, racista. Lutar e resistir para existir. Por mais mulheres no poder”, afirmou, Josineide Dantas, a Revista Mulher Africana, durante a conversa mantida via redes sociais.

“Como agente de saúde, tenho vivenciado as doricidades do povo pobre e preto. Diante das necessidades, pude perceber que precisamos dialogar com a diversidade de raça, género e construir um projeto de cidade para todos com um olhar de equidade voltado para os vulneráveis que vivem em situações de risco social como, a falta de moradia, e de uma educação virada para a formação inclusiva, através da cultura, da arte de rua que vem se auto-organizar nas camadas periféricas”, comentou, exemplificando, “o grafite no movimento Hip-Hop, que se tornou uma ferramenta libertadora, preparando a juventude para o mercado de trabalho”.

E para inverter o quadro, explica, “a nossa proposta como parlamentar, é ser a voz e o grito do nosso povo que vive em situações de exclusão social”, assegurou, numa altura que é candidata a vereadora da sua cidade pela terceira vez, pelo partido PSOL.

Ainda assim, disse, é necessário “uma saúde pública com o programa que inclua a saúde da população negra, quilombolas, indígenas urbanos e ciganos, inserindo práticas integrativas de acordo com a cultura de cada povo, fortalecimento do SUS”, continuou.

“Para mim, o Instituto Marielle Franco acende a chama da esperança, força e luta, renasce o desejo de viver do nosso povo que se encontra nas camadas periféricas”, finalizou.


Por: Catarina Fortunato

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