Alexandra de Victoria Pereira Simeão, ativista politica angolana, herdou de sua mãe, Anália de Victoria Pereira todos os valores necessários para a vida. Um leque de virtudes, onde a humildade, fidelidade, solidariedade, amor ao próximo e outros valores éticos de responsabilidade social enfeitam e dão cor a sua personalidade e postura perante a sociedade.
Apesar de ter passado parte da sua infância, no exilio, Alexandra foi uma criança feliz, pois tinha uma mãe, que tinha o “poder” de transformar toda e qualquer situação negativa, em um ambiente de afetos.
-Protegida por um amor maternal imensurável, nada de ma
l me atingia, pois o amor está na base de toda a felicidade. E eu sou um produto de uma serie de afetos.
Para ela as questões dos valores morais são relativos de cultura para cultura, pois em algumas situações elas chocam-se causando conflitos de interesses. E define a mulher de valor como aquela que tem amor próprio, respeita a si e aos outros e não coloca obstáculos diante de si, isenta de egoísmo, e sobretudo quando é útil para a sociedade e é verdadeira. Porque ser solidário em dias específicos não te faz verdadeiro.
Perguntei-lhe como caracteriza a mulher atual.
- Uma mulher corajosa, independentemente do seu grau de escolaridade, fazem o país acontecer, apesar de que algumas preferem trilhar caminhos mais espinhosos que nem sempre as dignificam. Aqui vai a minha vênia para aquelas mulheres neste país, que têm nos ombros a responsabilidade de por o pão na mesa. (Há paz no país mas não há paz no prato). Até agoravivemos do mesmo, não mudou quase nada, pois não há programas especiais para as mulheres, sobretudo a mulher rural que muitas vezes prematuramente da escola por falta de condições que respondam suas necessidades.
Acha que de alguma forma o feminismo defende os direitos da mulher?
- Não me interessa muito a termologia, se um país não tem e nem pratica(caso as tenha)leis de proteção a mulher. Não terá como evitar o surgimento de grupos ativistas.
Se fosses Ministra da família e promoção da mulher por um dia que medidas aplicarias para impactar a mulher na sociedade?
- Nada. Porque na verdade nós não precisamos de um ministério, mas sim que o estado crie condições interventivas com relação a posição da mulher na sociedade e suas necessidades primárias ( proteção, formação, informação, saúde. Ela zunga pesada dramaticamente e acaba reformada pela vida sem ter o direito a reforma, mesmo tendo trabalhado a vida toda. Não existe reforma para a banheira da zunga.
Sendo as mulheres mais cuidadosas na politica, como sente a pulsação das mulheres na politica?
- Eu não sei se elas são mais ou menos cuidadosas, pois tanto os homens como as mulheres se tivessem amor a causa e um sentido forte de empatia, se calhar as coisa mudariam. Já tivemos bons ministros e más ministras. Por outro lado, o dom da maternidade torna-nos mais sensíveis para as causas sociais . Se não visualizarmos as medidas politicas na 1a pessoa não se faz nada.
O conselho que deixo para as mulheres é que não parem de sonhar, apesar de o sonho de algumas delas já ter morrido na infância, não tenham medo de dar o salto para a mudança. E que sejam também motivadoras e incentivadoras para outras mulheres, pois o grau de sofrimento geracional as desmotiva.
E qual é o segredo desta garra toda?
- Não sei bem se posso definir como garra, pois também tenho muitos medos... Mas a motivação primária vem dos meus falecidos pais, que nunca desistiram e a posterior vem dos meus filhos e da necessidade de continuar a ajudar o próximo.
Três palavras que definem está mulher “menina coragem” são: Utilidade, amor ao próximo, e humanismo. Ama o cheiro do chá de caxinde, detesta pessoas manipuladoras, carrega no coração a saudade eterna dos seus pais, mais o amor pelos seus filhos afaz persistir e ao som da musica My way de Frank Sinatra segue lutando por um pais equitativo.
( Por Catarina Fortunato)