Professora e formada em Gestão de Recursos Humanos, Maria de Sousa Tavares, 28 anos de idade, natural do Cazengo, província do Kwanza Norte, leva a sério as suas obrigações, é forte e determinada, porém reconhece as suas fragilidades e procura superar cada uma delas. Maria também é declamadora e amante de Comunicação Social, declama sob a inspiração de Amélia da Lomba e Bráulio Bessa. Entretanto, com seus rabiscos pouco poéticos, a escrita é uma outra arte em que Maria está a investir, conquanto prefira ser vista como declamadora.
Ela é uma mulher igual a qualquer ser humano, apaixonada pela vida, crente e com imperfeições. A conversa com a Revista Mulher Africana esteve em torno da actualidade, com destaque a actuação da juventude angolana, liderança e o regresso às aulas, este último previsto para o dia 5 de Outubro próximo.
- Sou feita de imperfeições perfeitas. Sou Leonina e Liderança é um traço muito forte da minha personalidade e isso chega a incomodar muitos. Deus é amor!
Maria sente-se honrada ao fazer parte de uma juventude que não se cala diante de injustiças, que procura fazer a diferença pelo mundo livre de padrões pré-estabelecidos.
“A juventude precisa ser ouvida e vista pelos governantes. Temos muito mais a dar por essa Angola que nos acolhe, precisamos apenas ser vistos como participes e não concorrentes dos veteranos. Bem, o actual Governo vem tentando fazer diferente e, de forma gotejante, tem dado algumas oportunidades aos jovens para ocupar postos de governantes, oportunidades de emprego (pouquíssimas até agora) e uma (suposta) liberdade para se expressar”, sublinhou.
Acrescenta “cansados de calar e ouvir, chegou a hora de falar e fazer, este é o slogan que define esta juventude com sede de oportunidades”.
Por um instante, confessou-nos que, se fosse ministra da Cultura ou da Juventude e Desportos, teria a missão de criar políticas de habitação e empregabilidade mais acessíveis para os Jovens e bem menos burocráticas, prestar auxílio financeiro para os fazedores de artes e associações culturais. “A nossa União dos Escritores Angolanos parece um club de escritores exclusivos e que não faz questão nenhuma de partilhar sabedoria”, declarou.
Enquanto professora, Maria Tavares é de opinião que nenhum país afectado pela pandemia da covid-19 está preparado o suficiente para abrir as escolas, mesmo que esteja haver graves impactos na economia.
“Preparado a 100% nenhum país está, pois, além das medidas de biossegurança que são necessárias, existe também o factor economia. A meu ver, o retorno às aulas, nesse momento, é uma forma de equilibrar a economia devido ao índice de desemprego que disparou e, consequentemente, a baixa significativa da economia, de tal modo que, para o Governo, acaba sendo mais barato sepultar uma pessoa do que suportar um desempregado”, afirmou.
Para finalizar, a nossa essência do dia recomenda a leitura constante, cuidado com a fala, a expressão facial e gestual, e lembra que gritar não é a solução.
“Estou grata pelo convite da Revista Mulher Africana. Parabéns pela iniciativa em deixar a mulher mostrar o seu real valor”.
Por: Catarina Fortunato