O novo romance de José Eduardo Agualusa, “A Rainha Ginga”, foi apresentado ontem à noite, no Clube Ferroviário, em Lisboa, pelo escritor moçambicano Mia Couto, distinguido no ano passado com o Prémio Camões.
José Eduardo Agualusa disse que este seu novo livro, que“queria escrever há muito tempo”, responde a “uma inquietação” dos angolanos, que querem conhecer o seu passado, numa nova perceptiva.
Agualusa explicou que “levou tempo” a escrevê-lo, pois teve de se “informar mais” e precisou de se “colocar na cabeça da Ginga, no seu universo”, salientando que“tudo aconteceu numa época muito recuada”.
O narrador do livro é um padre, Francisco José de Santa Cruz, nascido em Pernambuco, nomeado em 1620 secretário de Ginga, rainha do Dongo e da Matambam, no norte da atual Angola.
“Na realidade ela teve secretários, quase todos padres, pois era de uma classe culta, que sabia ler e escrever, mas esta [a personagem do padre] é uma personagem inventada, eu precisava de alguém que fosse um tradutor de mundos, que é também do que fala este livro”, disse Agualusa.
O que levou José Eduardo Agualusa “a escrever este livro foi mostrar como os africanos foram parte ativa – e de forma bem mais vigorosa – daquilo que se estuda nos compêndios europeus, neste processo de construção de nações, de redesenhar o mapa do mundo”.
Fonte: Jornal de Notícias Angola